O Senhor da Terra Quente

A maior riqueza que uma terra pode ter é a sua gente, e Bruçó é neste capítulo bafejado com os favores dos deuses. Serve este intróito para aqui falar de
António Fortuna, um grande representante da nossa cultura e exímio escritor, poeta e professor, e que vai beber muita da sua inspiração ao, como ele lhe chama, "centro do mundo", o nosso muito querido Bruçó.
É para mim honroso participar que foi lançado, pela Editora Tartaruga em apresentação pública que decorreu no dia 28 de Setembro em Vila Real, o seu ultimo trabalho "O Senhor da Terra Quente e outros contos" onde revela toda a sua mestria literária e se vislumbra um Garrett enriquecido com o existencialismo de Vergílio Ferreira, e, atrever-me-ia, com um pouco de Unamuno nas relações estabelecidas entre os personagens dos diversos contos.
Aqui lhes deixo um excerto do conto "O Ti Capelas" e reparem se não sentem lá as sete camadas e meia?
"Na casa paira no ar uma ambiência que toca. Os Santos Velhos fundem-se no vazio que enchem os compartimentos. São facetas da vida. Os passos idosos do Ti Capelas fazem ranger o sobrado rugoso onde só as escovas de giestas, ou um olhar perspicaz, conseguem chegar.
Foi nova esta casa. Tantas outras o foram. Construídas por amigos, familiares e um ou outro artista. Horas e horas gastas a transportar materiais.
Cedo os carros de bois, chiando de peso, acordavam a natureza. Os homens, em certas alturas, não dormem. Vontades férreas, cepas de boa casta."
Em nome de todos os 7 Camadas e Meia, parabéns António Fortuna!