7ete Camadas e Meia
terça-feira, dezembro 20, 2005
  Como eu me teria criado...

Recebi este texto no mail. Não sei quem é o autor, só sei que o texto é um documento de referência. Quem diria que a nossa geração foi criada assim e teve sorte. Para quem já tem mais de 35 anos, olhando para trás, é difícil acreditar que estejamos vivos. Nós viajávamos em carros sem cintos de segurança ou air bag. Não tivemos nenhuma tampa à prova de crianças em frascos de remédios, portas, ou armários e andávamos de bicicleta sem capacete; sem contar que pedíamos boleia. Bebíamos água directamente da mangueira e não da garrafa. Gastámos horas a construir os nossos carrinhos de rolamentos para descer ladeira abaixo e só então descobríamos que nos tínhamos esquecido dos travões. Depois de colidir com algumas árvores, aprendíamos a resolver o problema. Saíamos de casa de manhã, brincávamos o dia inteiro, e só voltávamos quando se acendiam as luzes da rua. Ninguém nos podia localizar. Não havia telemóveis. Nós partimos ossos e dentes e não havia nenhuma lei para punir os culpados. Eram acidentes. Ninguém para culpar, só a nós próprios. Tivemos brigas e esmurramos uns aos outros e aprendemos a superar isto. Comemos doces e bebemos refrigerantes mas não éramos obesos. Estávamos sempre ao ar livre, a correr e a brincar. Compartilhámos garrafas de refrigerante e ninguém morreu por causa disso. Não tivemos Playstations, Nintendo, X-Box, dvd's, canais de cabo, filmes em vídeo, surround sound 5 canais ponto um, telemóveis, computadores ou Internet. Nós tivemos amigos. Nós saíamos e íamos ter com eles. Íamos de bicicleta ou a pé até casa deles e batíamos à porta. Imaginem uma tal coisa! Sem pedir autorização aos pais, por nós mesmos! Lá fora, no mundo cruel! Sem nenhum responsável! Como conseguimos fazer isto?
Fizemos jogos com bastões e bolas de ténis, bolas de futebol de trapos ou mesmo de folhas de jornal e comemos minhocas e, embora nos tenham dito que aconteceria, nunca nos caíram os olhos ou as minhocas ficaram vivas na nossa barriga para sempre. Nos jogos da escola, nem toda a gente fazia parte da equipa. Os que não fizeram, tiveram que aprender a lidar com a decepção. Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros. Eles repetiam o ano! Que horror! Não inventavam testes extras. Éramos responsáveis por nossas acções e arcávamos com as consequências. Não havia ninguém que pudesse resolver isso. A ideia de um pai nos protegendo se desrespeitássemos alguma lei, era inadmissível! Eles protegiam as leis! Imaginem! A nossa geração produziu alguns dos melhores compradores de risco, criadores de soluções e inventores. Os últimos 50 anos foram uma explosão de inovações e novas ideias.
Tivemos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade, e aprendemos a lidar com isso.
Foto de Valter Varandas
 
Comments:
excelente texto
 
Fds, eu tenho 22 e identifico-me com o texto.
 
Este texto de facto é muito bom, mas é essa mesma geração que está a criar os filhos com playstation's, nintendos etc, que os protege de tudo e de todos, que lhe dão actimeis com milhões de lcaseis(não sei se é assim que se escreve) imunitários etc etc etc.
É caso para dizer: como eles vão criar os filhos deles.
Alguma coisa há-de ser...
 
Que é querias ó mr. Se não o fizesse-mos eramos logo entrevistados pela tvi porque negligenciámos a garotada, e o catano mais velho. Nesta era de informação se deres um peido mais alto és logo acusado de plágio por cú mais invejoso. Portanto é lamuriar o perdido e esperar pelo melhor...
 
E já estou a imaginar a Manuel Boca Guedes a interrogar com a aquela Boca Grande: "Poooorrrrrquuueee não cooomprou a Playstation ao seu Fiiilllhhhooooo, Pooorquê???"(com aquele sotaque lisboeta e de gente bem).
Como se fosse o maior pecado do mundo, mas enfim é a vida.
 
Não é por nada, mas quando vejo a manuela de boca aberta não sei se sentir inveja ou pena do Moniz. :))
 
EXCELENTE!
 
Bom texto.sou o autor da fotografia.gostaria apenas de saber como é que a encontraste.
apenas por curiosidade.não existe qualquer inconveniente de ser usada,visto que está assinada.
Valter Varandas
 
Caro Walter. Só não lhe pedi autorização para a publicar porque não consegui encontrar um mail seu. Descobria num site de fotografia nacional, do qual não me consigo lembrar do nome. Achei que se adequava ao texto, e como também sou amante da 8ª arte costumo juntar aos textos as mais belas fotografias que encontro e que de qualquer maneira se identifiquem com o texto. Espero que não me leve a mal.
 
Caro Valter, retirei-a do olhares.com. Reverifiquei e não encontrei um mail seu. Mas agradeço que me permita publicá-lo.
 
OK.não há qualquer problema. era pura curiosidade.e foi interessante ver a fotografia aplicada num texto bem escrito e mais do que isso,bem verdadeiro para os dias de hoje.se precisares de mais fotografias,será um prazer eu poder contribuir de alguma forma. waltere29@hotmail.com
valter varandas
 
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