É circular, é circular...
É ou deveria ser considerado um crime circular nas nossas estradas. Quem pusesse um pé dentro de um carro, mesmo que fosse para ouvir o relato da bola, deveria ser posto em prisão preventiva e desinfestado de toda a bicharia possível e imaginária. Quem ousasse circular numa estrada, por mais secundária que fosse, deveria ser imediatamente posto sobre o cuidado de sodomizadores profissionais ou do Bruno Alves do FCP, o que chegasse primeiro.
Quem suspirasse sequer pela hipótese de uma ida ao Algarve ou à mercearia a 100 metros à frente dentro de um bicho metálico com 4 ou 2 rodas deveria ser internado num hospital psiquiátrico e submetido a uma lobotomia ou um encontro com o nefando Castelo Branco. Pensando melhor, a lobotomia é menos traumatizante.
Mas porque tanto marra este 7 e meia com quem circula? E o problema é mesmo esse. Hoje toda a gente circula. Não para ir do ponto a ao ponto b. Mas para circular. E como toda a gente sabe, ou deveria saber, circular é ir a lado nenhum, é andar aos círculos. Quando a polícia no meio de um acidente manda “faxavor, é circular, é circular!” apetece logo sair do carro e dar umas “circuladas”, ou então mandar uns piões e mandar com gases de escape no fácies do dito agente. (um aparte: e um outro agente da GNR que indicava a um condutor a tentar estacionar: “Avance para trás, mais um bocadinho, avance para trás!”)
E depois toda a gente se queixa. Se fosse proibido circular é que este país andava para a frente.
Foto de Koto Bolofo